Jardim Externo

Relembrando a primeira mensagem :

Do lado de fora da academia, um jardim que ao mesmo tempo que é bonito e bem cuidado, aparenta morto e abandonado.

*Entra no jardim e fica olhando o movimento, apesar de ser noite, não estava com sono*

*Vendo estar quieto, resolve sair*

* Foi até o jardim, mesmo sem saber. Parou ali, deixando os olhos azuis correrem sobre as plantas ali. Era algo raro... Todo aquele verde em meio a gélida paisagem do campo nevado em que nasceu, e viveu. Aproximou-se, tocou as folhas, observou-as de perto. Aquilo era tudo... Diferente para si. Sentiu o cheiro da grama, das folhas, tudo em uma puxada de ar. Passou então os dedos finos pelos cabelos, era como se misturassem. Tirou-os da frente dos olhos, e buscou no céu do entardecer algo que não sabia o que era, ainda.*

- Aqui é tudo tão diferente... - *Voltou a murmurar.*

* O cheiro de maresia era palpável ali, a salinidade parecia contaminar o ar, e por menor que fosse a quantidade ainda podia-se sentir o gosto de mar. A menina estava lá, encolhida, de costas para a árvore e olhando os céus... Eles não estavam tempestuosos; aquilo era tão diferente da costa de Atsiluth. A sereia olhou as pernas esbranquiçadas com os olhos perolados e suspirou, arrumando os cabelos longos. Lunæ não deveria estar ali, ela sentia falta dos caçadores...*

- Arkor...

* O jovem de cabelos brancos não levou muito até se levantar. A grama, o cheiro de terra, era tudo novo, porem, esperava por mais coisas do que só aquilo. De pé, não era muito alto, ainda sim podia ter uma bela vista do que acontecia ao seu redor. Não levou muito tempo, até ver algo branco recostado em uma árvore. Se deslocou, mantendo distância ainda, até checar o que era. Uma menina, quase albina... Seria uma Yukionna? Hesitante, deu alguns passos em direção a ela. Parou então, observando melhor* [ Será mesmo...?] *Retomou então o caminhar, até parar proximo a ela. Estava de pé, observando-a, de cima. Realmente, parecia uma de sua raça. Não falou nada, esperava ser notado.*

* O brilho da lua parecia ser mágico, especial na sereia assassina. Talvez o tom de pérolas e conchas de sua pele e olhos fosse melhor para refletir os raios lunares, em tons pastéis de rosa, azul e amarelo, ou talvez seja o fato da Lua estar intimamente ligada ao mar. A garota arrumava o colar de escamas quando uma silhueta tampou a luz da noite. A pequena sereia olhou para o garoto, com os olhos opacos, e se questionou o que ele olhava. Não deveria ser a única sereia naquela escola... *

- Olá - *ela disse, num meio sorriso que visivelmente era forçado, e completou com frieza * - quem é você?

- Arashi... - * A voz do garoto cessou, a medida que os olhos azuis analisavam a feição mórbida da garota. Engoliu seco, e voltou a tomar a palavra* - Yuki...-

* O garoto das neves deixou os olhos azuis repousarem sobre a calmaria dos olhos cor de pérola da menina. * - Aceita companhia? - *Disse, parado de pé ainda, colocando as mãos nos bolsos. Por dentro, poderiam ser iguais... Quietos. A diferença estava no exterior. Apesar da pele, extremamente branca, assim como ela, seus olhos cintilavam num azul puro. Tombou a cabeça, voltando a tomar a voz * - E o seu? Nome...-

* Estava frio... Seria aquele menino? Mesmo vivendo no mais profundo oceano, nas águas mais geladas, a sereia pode sentir a mudança brusca de temperatura. Que tipo de monstro era aquele? Ela mal conhecia aquele lugar, mal queria estar ali e mesmo assim parecia apenas uma aluna normal. Como se não fosse uma assassina. Como se não parecesse uma idiota naquele exato momento. A voz dela saiu cantada, como se fosse um sotaque estranho, mas lindo. *

- Lunæ Atsiluthe - * as palavras pareciam alienígenas, uma linguagem antiga que só o povo do mar saberia decifrar. A sereia suspirou, olhando-o, não havia nada melhor para fazer... * - Sim, Arashi.

* O nome dele saiu arranhado, forçado, como se ela tentasse pronunciar uma língua estrangeira... E agora que reparava, estava mesmo. A garota conseguia disfarçar a dificuldade com aquele sotaque cantado, mas mesmo em poucas palavras era notável que não sabia muito vocabulário. A sereia cantou, depois de hesitar no silêncio: *

- O que você é?

*O garoto de cabelos brancos se sentou sobre o gramado, ainda, observando a garota. Fez a lingua correr os lábios pálidos. Piscava os olhos lentamente, enquando deixava a garota falar. Apoiou os braços sobre as pernas, e cabeça sobre os braços, enquanto fitava-a.*

- Você é nova aqui, não? Tambem sou... Mas, parece que é contra as regras dizer o que você é. - * O jovem disse, colocando a coluna ereta*

- Prazer em conhece-la, Lunae - *Falou como pode o nome dela.* - Apesar de que, acho que é mais facil te chamar de Luna, não? *Abriu um pequeno e singélo sorriso em seus lábios.*

- Acho que podemos nos tornar bons amigos, ainda. Sinto que temos... algo em comum. - *Falou já sem hesitar, porem, mantendo um tôm morbido na voz, ainda. Voz calma e ligeiramente grave.*

- Regras? - * ela pareceu confusa. Aquilo era tudo muito novo, muito forçado para ela. Estava com saudades de casa, dos corredores escuros do castelo de corais e dos barulhos de lanças que só os guerreiros submarinos conseguiriam produzir... O mundo fora d'água era outra dimensão, realmente, outro mundo e ela se sentia como um peixe fora do aquário. Ela sorriu para o menino, tentando tirar os olhos da pulseira de escamas e conchas, mas não conseguiu * - pode me chamar de Lune... E eu sentir muito por você se tivermos mesmo algo em comum...

* Ela fez um sorriso triste e olhou para a lua, antes de continuar falando com aquele ritmo lírico *

- Mas... Você não é chato como os outros daqui.

* O jovem do gelo abriu um pequeno e aparentemente sem-graça sorriso assim que ela pareceu confusa. Havia acertado então, quanto a ela ser uma novata assim como ele. Descolou os lábios pálidos e já secos, para tomar a voz*

- Sim. Não recebeu nada sobe elas? Somos proibidos de mostrar nossa verdadeira natureza aqui dentro. Regras deste lugar. - * O garoto tomou ar pela boca, voltando a colocar suas duas "Safiras" sobre a garota. Ela parecia bastante ligada aquelas conchas, seu brilho... Lembranças de casa, provavelmente. Apenas ouviu o que ela disse, levando algum tempo para responder*

- Não acho que tenha a lamentar, por ter algo em comum com você. A final, foi isso que fez me aproximar, e te conhecer. - * O garoto olhou para a lua tambem, antes de responder *

- Fico feliz, por ouvir isso.

(Oi?)